Cerca
de dez por cento da humanidade é composta por homossexuais. Isto quer dizer que
em um grupo de dez pessoas, pelo menos uma é homossexual. Isso é perceptível
nos mais diversos ambientes: escolares, profissionais e também em todos os
segmentos da sociedade e em todas as culturas, embora entendendo que, por
motivos diferentes, ainda se insiste em discriminar pessoas que têm padrão de
comportamento diverso da maioria, seja por questão religiosa, familiar ou outra
situação qualquer.
A
homossexualidade não deveria constituir problema, assim como não se constitui para
a heterossexualidade. O que é verdadeiramente problema é o desconhecimento que
temos a respeito do assunto o que, por vezes, somos levados a desenvolver e
fortalecer preconceitos que ferem a dignidade do nosso semelhante.
A
questão começa quando alguns entendem que a atração por pessoas do mesmo sexo é
antinatural e o problema toma outro vulto quando imaginamos que só acontece com
a família do vizinho, do colega de trabalho etc. É muito importante que nos
preparemos para esta situação, porque nossos filhos, netos, sobrinhos, amigos,
caso entrem num conflito de identidade como esse, procurarão as pessoas em quem
mais confiam para confidenciar seus conflitos, entre eles, os de ordem sexual,
em vez de buscar o diálogo com a própria família. Mas como confidenciar alguma
coisa tão íntima num ambiente que demonstra preconceito o tempo todo?
Uma
amiga certa feita me confidenciou: “fiquei apavorada quando meu filho disse que
só sentia atração por homens. Meu marido quis expulsar o próprio filho de casa,
mas não permiti. Parei de falar com meu filho durante quinze dias, porém nesse
período, eu vivia chorando pelos cantos da minha casa. Tenho o hábito de mexer
nas mochilas dos meus filhos para investigar se não estão usando drogas, se há
alguma coisa diferente até que, numa manhã quando meu filho saiu para a
faculdade, fui arrumar o seu quarto, e resolvi investigar a mochila dele.
Imagine a minha surpresa ao encontrar, um bilhete endereçado a mim e ao pai,
pedindo-nos perdão e se despedindo. Meu coração ficou apertado, não sabia se
ele havia ido embora ou se iria cometer suicídio, mas ambas as opções me deixaram
apavorada. Como conversar com ele sobre a homossexualidade, eu que tenho três
filhas sendo ele meu único filho? Eu não aceitava a condição de ter um filho
gay. No entanto, diante da possibilidade de perdê-lo tive de repensar as minhas
atitudes e (pré)conceitos. Então optei por apoiá-lo e orientá-lo na
sexualidade, dizendo-lhe que o importante era viver com dignidade e honradez;
que não fosse promíscuo pois isso lhe traria conseqüências terríveis, como
doenças sexualmente transmissíveis, AIDS etc.; que fosse discreto, como
qualquer pessoa deve ser em seus relacionamentos íntimos a fim de não
“afrontar” os outros para não ser motivo de deboche coletivo; que fosse fiel a
si mesmo e ao companheiro que escolhesse para compartilhar a vida; que lembrasse da incondicionalidade do meu amor por ele”.
Continuei
ouvindo a minha amiga que finalizou a sua fala, dizendo-me que o filho hoje
está vinte oito anos, tem namorado, trabalha como gerente de uma empresa
multinacional onde é respeitado pela competência e ética. Também é coordenador
de evangelização de jovens numa instituição Espírita que freqüenta onde é
admirado e respeitado tanto pelos jovens evangelizandos como pelos pais destes.
Muito
sábia a atitude da minha amiga ao acolher o filho da forma como o fez. Ninguém
escolhe a orientação sexual que terá, assim como ser alto, baixo, negro,
branco, limitado intelectualmente, etc. Simplesmente é o que se é por motivos
mais profundos do que podemos discutir neste pequeno espaço.
Vamos
entender esta questão estudando o livro dos espíritos, questão número 200. A pergunta de Allan Kardec: Têm sexo os Espíritos? Resposta dos espíritos superiores: -- Não
como o entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Há entre
eles amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos.
Continua o codificador na questão 201. O Espírito que animou o corpo de um homem pode animar o de uma mulher,
numa nova existência, e vice- versa? A respostas dos espíritos é de forma
direta, não deixando meio-termos: -- Sim, pois são os mesmos Espíritos que
animam os homens e as mulheres.
Fechando a questão Kardec pergunta na
questão 202.
Quando somos Espíritos, preferimos
encarar num corpo de homem ou de mulher?
Os espíritos superiores então lhe responde: -- Isso pouco importa ao
Espírito; depende das provas que ele tiver de sofrer. Imagine um espírito que reencarnou dezenas,
centenas de vezes em um corpo e em função das novas provas tenha que reencarnar
em um corpo organicamente diferente daquele que está acostumado? Daí advirá à
homossexualidade, ou seja, um processo natural na evolução do espírito humano.
Veja a observação de Allan Kardec:
Os Espíritos encarnam- se homens ou mulheres, porque
não tem sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição
social, oferece- lhes provas e deveres especiais e novas ocasiões de adquirir
experiências. Aquele que fosse sempre homem, só saberia o que sabem os homens. (O LIVRO DOS ESPíRITOS - LIVRO 2, CAP. 4 - SEXO NOS
ESPÍRITOS)
Jesus
Cristo para não servir de base dos preconceitos nem de bandeira para lutas não
foi nem heterossexual nem homossexual foi casto, demonstrando ser feminino
quando acolheu a mulher adúltera e, masculino quando expulsou os vendilhões do
templo. É necessário que estejamos abertos para refletir e aceitar o outro com
suas circunstâncias porque é nisso que reside o Amor Incondicional. “Meus
discípulos serão reconhecidos por muito se amarem” disse Jesus. Esse é o
sentimento que nos ensina o respeito por todas as criaturas e nos deixa preparados
para viver com maturidade, equilíbrio e harmonia. Uma música linda de Oswaldo
Montenegro diz assim: “quando a gente ama, simplesmente ama...” isto é amor
incondicional.
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