Somos
assim incoerentes, adoramos a vida, mas nos alimentamos mal. Amamos a nossa
família, mas as decepcionamos. Temos fé em Deus, mas também temos medo.
Gostamos da profissão que escolhemos, mas nos dedicamos com pouca frequência.
Estamos na religião que escolhemos, mas faltamos aos cultos e não nos
comprometemos com tarefas que mantenham tal religião funcionando. Sabemos o
quanto é incorreto a maledicência, mas vez por outra nos pegamos falando mal da
vida alheia.
No
dicionário on line a palavra incoerência quer dizer discrepância, falta de
lógica, inconsequência. Nós seres humanos somos assim, incoerentes,
discrepantes. Ha um conflito entre o pensar e o fazer, entre o sentir e o agir.
Coerente somente Deus o é. Ele é a inteligência primeira, é o criador de tudo e
por isso é perfeito e, portanto coerente. Nós somos perfectíveis, ou seja,
criados imperfeitos, mas com a possibilidade de construir a nossa própria
perfeição. Isso não é extraordinário, imagine pintar um quadro inacabado e o
próprio quadro se pintar no acabamento? Imagine construir uma máquina que
funciona com dificuldade e a própria máquina aprimorar o seu funcionamento?
Assim
é a criação de Deus. Se todos nós, eu você, ele, ela somos incoerentes por que
não aceitamos pessoas que carregam a incoerência de uma alma feminina em um
corpo masculino ou uma alma masculina em um corpo feminino? Por que julgar a
incoerência se também somos incoerentes? Será que Deus o criador só acompanha o
que chamamos heterossexuais? Julgar o outro pela incoerência é condenar a si
mesmo.
A
Bíblia diz em Lucas 6:37-38 “Não julgueis, e não sereis julgados; não
condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. (...) porque
com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.” Existe uma coerência que
podemos perseguir sempre: Aceitar o outro ou a outra como realmente é. Podemos
nos modificar a todo momento e devemos fazer isso sempre, mas jamais alimentar
qualquer expectativa de modificar o outro, pois cada um é um mundo complexo que
só o Criador é capaz de compreender, a nossa obrigação é aceitar o outro ou a
outra como realmente é, ou seja um filho de Deus como nós, uma criatura linda
com possibilidades imensas e com uma riqueza indescritível.
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